Eu não tenho medo ou vergonha de admitir que às vezes o que nos mantém juntos, como casal, como família, como pais, como cidadãos de bem é o propósito, o “porquê final” da coisa toda.

Também não tenho receio de admitir que o que nos mantem na jornada mesmo quando essa inclui noites no deserto e incertezas matinais não é o amor que sentimos por Deus, pelas pessoas ou pela nossa própria história e vida. Às vezes você tem que continuar caminhando, porque caminhar é a única coisa que dá para fazer naquele momento e ponto.

Por isso, escolham bem suas companhias para jornada. Entendam que só o que se sente hoje – paixão, amor, tesão, borboletas no estômago, seja lá como você chama isso tudo – passa e não faz sombra no sol escaldante da caminhada. Se você não conseguir enxergar o “long term” da coisa, aonde vocês estão indo e porquê estão indo para lá, a caminhada fica cada vez mais sofrida, doída, desgastante.

Sem enxergar as estacas que se quer alcançar você se perde. E em se perder, seus relacionamentos sofrem também. Existe uma linha tênue entre o individualismo/insensibilidade e preservar seu protagonismo e suas qualidades que as vezes estão aí escondidas atrás dos seus piores momentos e “fraquezas”.

Bom, isso tudo para dizer que se vocês não tem um porquê e para onde ir juntos, repense bem. Sente com seu coleguinha ou com sua amiguinha especial. Conversem. Coloquem no papel, em palavras. Vocês não tem que estar fazendo as mesmas coisas ou estar o tempo todo juntos. Mas irem para um lugar comum na vida. Isso nos segura mais que flores e chocolates no fim do dia.

Se você não entendeu nada, resumo da ópera: a gente só aguenta a dor do parto porque sabe que tem neném vindo no final daquela dor. Qual/quem é o seu bebê?

Autora: Débora Otoni

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