Título do texto: Gabriela Santos

Talvez o amor não seja para todos, essa coisa de: “quando menos se espera vem” pode ser até verdade, mas acredito que a regra não se aplica necessariamente a todos.  Já cansei de inúmeras as vezes em que achei que daria certo. Das vezes em que eu mesmo com medo tentei. Me lembro como se fosse hoje dos tombos e de como tudo aquilo me machucou. Meu coração se fechou para o tal do amor e levei fama de coração de pedra.

Já havia decidido que minha vida tomaria um certo rumo e que essa historia de vida a dois não era pra mim. Mas as vezes acho que a vida gosta de nos testar e lá vem alguém com a ideia de que tudo será diferente e depois de muito relutar decido dar uma nova chance para o amor. Mais uma chance que não passou de uma tentativa frustrante e ainda mais dolorosa.  Sabe, as vezes o amor a dois não seja para todo mundo e muito se engana quem acredita a felicidade se resume a isso.

Cada vez mais que eu me distancio dessa ideia mais percebo o quanto outras coisas me fazem bem também. Continuo chorando em casamentos, continuo achando filmes de romance uma gracinha e vibro quando alguém que gosto decide tomar a decisão de unir sua vida com a de quem ama. O amor é bonito demais e não podemos negar. Mas, há amor em tantas outras coisas e pode ser que o amor a dois não seja para todo mundo, por alguma razão qualquer. Se prender a essa ideia de que necessariamente eu PRECISO ter alguém é frustrante demais. É chamar a felicidade pelo nome errado e depositar toda a sua energia em algo que pode simplesmente não acontecer.

Descobri que viagens me deixam com o coração tão feliz e que as pequenas conquistas do meu dia a dia me tornam mais fortes. Tenho aproveitado esse tempo para rever minhas prioridades e ter mudado o foco do tal do amor me fez ver que há muitas coisas que também nos fazem transbordar. Já sofri demais e já questionei a Deus e a todos. Já achei que o problema era eu e já tentei mudar milhares de vezes. Essa busca incansável pelo tal do amor ainda irá te machucar muito. As coisas simplesmente acontecem na vida da gente e o amor a dois é uma delas. Não dá pra simplesmente forçar ou insistir. A vida não se resume a isso.

O desespero e a carência podem nos levar a aceitar muito pouco e achar que isso é suficiente. Isso faz com que a gente acredite que estar acompanhado é não estar só quando na maioria das vezes estamos vivendo uma solidão a dois. Talvez o amor não seja para todos e talvez não seja para mim. E sabe? Tudo bem. Tudo bem mesmo. Eu não vou me tornar um coração de pedra e detestar saber de como tem sido a vida de casado de tal amiga ou de vibrar com o pedido de noivado da outra. Não vou me tornar a chata que odeia falar sobre o amor e que diz não acreditar nele. Eu acho sim que o amor existe e que embora seja uma raridade uma história a dois é algo bonito e nobre. O amor é como aquela roupa que a gente acha linda nos outros mas quando provamos em nós não gostamos. É aquela bolsa cara que alguém consegue comprar e você prefere gastar o seu dinheiro com viagem. É aquela bota que fica bem na sua amiga mas não combina com o seu estilo. O amor é algo singular. E o amor a dois talvez não seja para todos.







Psicóloga, 25, é aquela que escuta mil vezes a mesma música e tem a risada escandalosa. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito catupiry, mesmo sendo intolerante a lactose. Encontra paz na oração e vê amor nos pequenos detalhes.