Tente imaginar a seguinte cena:

Dois colegas se encontram:
– Oi e ai como você está?
– Ah, estou bem e você?
– Tudo ótimo.
– Ai que bom.

Realidade: “Eu não estou bem. Mas pra que falar para o outro que estou com problemas? Ninguém quer ouvir as dores do outro não.”

“Poxa eu estou cheio de problemas no trabalho, em casa as coisas não andam bem, problema financeiro, mas não posso deixar que as pessoas saibam disso.”

Máscaras: Vivemos de máscaras. Mascaramos nossas dores, nossos medos e nossos problemas para parecer bem em uma sociedade doente. Evitamos falar sobre nossas angústias por medo da exposição. Evitamos falar que não estamos bem por medo do que vão dizer de nós. E nesse caso eu estou falando de mim e de como por muito tempo mascarei meus sentimentos, minhas dores, minhas angústias e meus problemas, afinal eu não poderia falar delas, as pessoas não entenderiam. E sabe? Nem sempre entendem mesmo. Dói muito ver amigos que você esperava apoio e ao invés disso recebemos julgamentos, por nada, assim de graça quando isso era tudo o que não precisávamos no momento. Dói não receber acolhimento de quem achávamos que poderia nos abrigar em seu abraço. E então a gente vai se bloqueando e vai mentindo para parecer bem quando de fato não está. Não podemos ser frágeis, exigem que sejamos forte; o tempo todo. Querem que a gente não tenha problemas e saiba enfrentar os dilemas da vida. Sem essa de recuar. Querem que a gente saiba de tudo e tenha certeza sempre. Que dê conta da faculdade sem reclamar e que aguente quantas noites de estudo for preciso. No trabalho você não pode ser mais ou menos caso contrário fica difícil receber uma promoção.

Querem o nosso máximo a todo custo e de todo jeito. Querem que aos 30 já tenhamos um bom emprego, uma casa e uma família. Aos 20 você já precisa saber qual profissão quer exercer para o resto da vida. Querem que tenhamos estabilidade financeira o mais rápido possível e sem essa de indecisões sobre o que quer da vida. Querem decisões.  E vamos nos envolvendo nessa pressão que nos é imposta. Adoecemos, mas não falamos. Vamos tocando a vida do jeito que dá. Querem que a gente tenha um relacionamento estável, uma boa profissão, querem que a gente não demonstre cansaço porque isso é preguiça. Querem tanta coisa da gente, menos que sejamos felizes.

A gente não precisa ser o que o mundo quer que a gente seja. Nós podemos ser mais do que isso. Podemos ser o jovem com 20 anos que ainda está em dúvida quanto a qual curso escolher e se realmente deseja fazer uma faculdade. Nós podemos ser alguém com 30 anos que trocou a casa e os filhos por viagens. Podemos ser a mulher com 22 que decidiu casar mesmo todo mundo dizendo que ela é nova demais para isso. Nós podemos ser aquilo que nos faz feliz, porque é isso que, na maioria das vezes não querem. É isso que desejam roubar de nós. Os nossos sonhos, o nosso tempo, as nossas decisões.

Não caia na cilada de fazer coisas para superar as expectativas alheias ou para agradar os outros. Agrade a você. Isso já é grandioso demais. Não perca tempo vivendo uma vida para os outros.

 







Psicóloga, 25, é aquela que escuta mil vezes a mesma música e tem a risada escandalosa. Não dispensa um sorvete e adora um pastel de feira com muito catupiry, mesmo sendo intolerante a lactose. Encontra paz na oração e vê amor nos pequenos detalhes.