Falar sobre a nossa existência e o significado dela, é como andar em círculo. Discutimos, analisamos, filosofamos, mas voltamos sempre para o mesmo ponto. Qual é o real sentido da vida?  Esta pergunta sempre inquietou e inquieta, cada vez mais o homem. Grandes filósofos em épocas diferentes se debruçaram sobre o tema e em nossos dias atuais, na contemporaneidade, é um pensamento recorrente e perturbador.

O sentido da vida não é algo a ser ensinado, como uma receita de bolo, pois embora os seus ingredientes sejam os mesmos, em alguns casos, a quantidade, o tempo de preparo e a temperatura, alteram o resultado, assim como todo o processo. E mais ainda, cada cozinheiro, cada master chef tem seu jeito único e peculiar de preparar suas receitas. Cada um tem seu segredinho de família, passado de geração em geração, que torna aquela receita única.

Pois assim é a vida. Muito embora sejamos iguais na espécie, cada um adota um “modus vivendi” de acordo com seus interesses, conveniências e particularidades. Logo, encontrar o seu sentido é uma tarefa solitária, uma vez, que o que dá sentido para a vida de um, não dará sentido para a vida do outro. Cabe a cada um, descobrir o que realmente importa, o que verdadeiramente tem valor para o seu existir.

Contudo, diante da ampla variedade de conceitos sobre o que mais importa na vida, há algo que se destaca, e que diz respeito aos maiores arrependimentos que as pessoas têm antes de partir, no leito de morte.

Todos os arrependimentos referem-se às escolhas feitas ao longo da vida, e giram em torno das relações. Relações com o trabalho, família amigos e consigo mesmo. A enfermeira australiana Bronnie Ware que acompanhou pacientes terminais oferecendo cuidados paliativos, relatou os cinco maiores arrependimentos, que se resumem em: não ter vivido uma vida fiel a si mesmo, de acordo com suas próprias expectativas, e sim as dos outros; ter se dedicado demais em trabalhos que não proporcionaram gratificação material e pessoal de forma satisfatória; não ter tido mais coragem para manifestar e expressar seus sentimentos, fingindo estar bem quando de fato não estavam; não ter mantido contato com os amigos; e finalmente, não ter-se permitido ser mais feliz, pois infelizmente o tempo não volta.

Sobre isto – o sentido da vida, Zygmunt Bauman se expressa de forma belíssima em Amor Líquido: Pensando bem: talvez o tempo de que disponho pareça curto demais não por minha idade avançada, mas porque, quanto mais velho você é, mais sabe que os pensamentos, embora possam parecer grandiosos, jamais serão grandes o suficiente para abarcar a generosa prodigalidade da experiência humana, muito menos para explicá-la. O que sabemos, o que desejamos saber, o que lutamos para saber, o que devemos tentar saber sobre amor ou rejeição, estar só ou acompanhado e morrer acompanhado ou só – será que tudo isso poderia ser alinhado, ordenado, adequado aos padrões de coerência, coesão e completude estabelecidos para assuntos de menor grandeza? Talvez sim – quer dizer, na finitude do tempo.”