Eu recentemente recebi essa pergunta em uma conferência sobre missões no mundo. Quando eu fiz 22 anos estava na metade do meu último ano na Wheaton College. Eu era especialista em Literatura Inglesa e fui para o Seminário de Fuller. Cinco meses após ter feito 22 anos, antes de me formar, fiquei noivo da Noël. O chamado de Deus para minha vida, da maneira que o entendi, foi claro, porém amplo: senti-me chamado para a palavra de Deus. Não tinha a menor ideia do que faria com isso.

Já que eu fui questionado, eu ponderei, “O que eu faria de diferente?” Mas isso não parecia ajudar porque eu teria dito, “Eu tentaria fazer tudo melhor” – orar melhor, adorar melhor, amar minha esposa melhor, testemunhar para descrentes melhor, estudar melhor. Então ao invés disso, me pareceu melhor pensar “Quais seriam as coisas mais importantes que eu faria aos 22 anos?” Não no abstrato, mas o verdadeiro “eu” onde eu estava e quem eu era em 1968. E se eu começasse tudo de novo nas mesmas circunstâncias? Bem, eu faria seis coisas.

1. Eu casaria com uma mulher cristã radical, que se arrisca, vai-a-qualquer-lugar-por-Jesus. Ou seja, eu teria casado com Noël Henry.

Não muito depois de nos conhecer, quando eu tinha 20 anos, e nós estávamos loucos de amor, e já pensando no casamento, eu a perguntei, “Se Deus me chamar para ser missionário na África, você iria comigo?” Ela disse, “Sim, eu me veria chamada para estar ao seu lado e te apoiar”

Nós nos casamos quando eu tinha 22 anos, e meu primeiro trabalho foi ensinar por seis anos em uma faculdade em St. Paul. Mas quando eu tinha 33 anos, Deus fez o Seu chamado irresistível para o ministério. Ela disse sim.

Um ano dentro do ministério pastoral, eu estava tão desanimado em um Domingo de tarde que eu botei minhas mãos no rosto e disse bem alto na mesa de jantar para que ela pudesse me ouvir do quarto, “Eu acho que estou indo para África.” Sem esperar um segundo, ela disse do quarto, “Diga-me quando arrumar as malas”.

Por quatro anos nesse ministério pastoral, Deus nos tocou tão poderosamente para as missões globais e então eu perguntei a ela, “E se nós convidarmos alguém na igreja que seja seriamente interessada em missões para se juntar a nós em nossa sala em uma Sexta à noite?” Ela disse sim. E por duas vezes no ano (geralmente) pelos próximos 20 anos nós tivemos cerca de 100 pessoas amontoadas em nossa sala e em nossa cozinha com todos os móveis transferidos para os quartos no segundo andar.

Então, se eu tivesse 22 novamente, eu teria casado com essa mulher.

A lição para você: Ore para que sua futura esposa, ou sua já esposa seja uma cristã, radical, que se arrisca e vai-a-qualquer-lugar-por-Jesus.

2. Eu teria tomado essa jovem esposa e me juntado a uma Igreja que tivesse uma fé Bíblica, pregação Bíblica, estrutura Bíblica e obediência-Bíblica.

Eu iria comparecer todos os Domingos, com minha esposa, à adoração corporativa dessa igreja.

Buscaríamos nos lançar nos ministérios da Igreja na esperança de que essa comunidade de crentes protegesse e aumentasse a nossa fé, e ajudasse a identificar nossos dons espirituais e nosso chamado, e nos arremessasse para uma vida de ministério.

Com 22 anos, recém-casados, Noël e eu nos juntamos à Lake Avenue Congregational Church in Pasadena, California. Noël descobriu um dom de trabalhar com adultos mentalmente incapazes. E eu descobri o dom de ensinar enquanto dava aulas para meninos de sétima série, e depois de nona série, e depois para os adultos da classe de jovens da Galileia na escola bíblica dominical.

Onde é confirmado e nutrido o seu chamado para o ministério ou missões? Na Igreja local.

Estive sob o cuidado dos diáconos na Lake Avenue Church, e fui colocado em um caminho para a ordenação. Glenn Dawson esteve em contato comigo por três anos durante os estudos da graduação na Alemanha, até 1975, e mais sete anos depois, quando eu fui ordenado para o ministério do Evangelho na mesma igreja local. Uma amizade incrível.

A lição para você: encontre uma Igreja que tenha uma Fé bíblica, pregação Bíblica e estrutura Bíblica. Junte-se a ela, sirva-a, descubra seus dons, e seja responsável para com a comunidade enquanto segue o chamado de Deus.

3. Eu iria para o Seminário.

Eu iria para o seminário e gastaria três ou quatro anos totalmente imerso no mais rigoroso estudo da Bíblia, em Grego e Hebraico, com o objetivo de estabelecer um fundamento para toda uma vida que vê a glória de Cristo em Sua Palavra tão claramente que eu nunca viesse a hesitar em meu compromisso para crer e falar o que quer que a Bíblia ensina, em qualquer lugar que Deus me colocasse.

Eu não iria priorizar cursos práticos, mas todas as chances que o currículo me desse, eu priorizaria cursos exegéticos, na suposição (a qual aos 72 anos eu ainda acredito) que, geralmente, habilidades práticas são mais bem aprendidas no trabalho na Igreja; mas o aprofundamento e aprimoramento de habilidades interpretativas para toda uma vida de leitura frutífera são as melhores conquistas no rigoroso dar e receber de uma classe, debaixo do olhar atento de um professor talentoso.

Eu colocaria a mais alta prioridade em aprender como penetrar no significado original – a intenção original – dos escritores bíblicos, porque esses são os próprios significados e realidades que serão relevantes entre todos os povos da terra – a qualquer hora, todo o tempo. Minhas ideias sobre o mundo Ocidental moderno e minhas suposições sobre a aplicação desses significados para minha situação não são as principais questões quando Deus me coloca em um grupo de pessoas com uma cultura radicalmente diferente da minha. Mas, os significados originais dos parágrafos da Bíblia são de suma importância. Isso é o que eu ansiaria acima de todas as coisas.

A lição pra você: independente de você estar no seminário ou não, torne-se o mais cheio da Bíblia possível, colocando-se sob a influência dos mais iluminados professores da Palavra, mortos e vivos.

4. Eu decidiria ler todos os dias minha Bíblia pelo resto da minha vida.

Eu faria mais importante minha leitura bíblica do que comer, me exercitar, e beijar minha esposa.

Faz cerca de 18.340 dias desde que fiz 22 anos, e nesses dias eu acho que eu li minha Bíblia mais vezes do que me alimentei. Eu certamente li minha Bíblia mais do que assisti televisão ou vídeos. Eu li minha Bíblia mais do que beijei minha esposa, porque eu ficava longe dela frequentemente, mas eu quase nunca fiquei longe da Bíblia.

Mas eu aprendi algumas coisas sobre ler a Bíblia, e se eu tivesse 22 de novo, minhas resoluções de leitura bíblica seriam mais ou menos assim:

• Eu decido todos os dias, ao ler minha Bíblia, forçar até o fim a neblina da percepção vazia em cada palavra do texto;
• E eu me forçaria até o fim para entender a redação do texto pensando na intenção da mente do autor – humana e divina;
• E me forçaria até o fim para entender essa intenção na realidade por detrás de todas as palavras, gramática, e lógica;
• E eu iria forçar até o fim para que essa realidade se tornasse uma realidade emocionalmente experimentada, com emoções que correspondam à natureza da realidade;
• E eu iria forçar até o fim nessa proporcional experiência emocional da realidade por detrás do texto até que tome forma em palavras e em ações em minha vida;
• E eu me forçaria até o fim nessas palavras e ações emocionalmente carregadas até que outros enxergassem a realidade e se juntassem a mim nesse encontro com a Palavra de Deus.

Nada é revelado mais rapidamente num campo missionário do que um encontro superficial com o Deus vivo e com as realidades gloriosas que ele nos revelou nas Escrituras. A leitura superficial da Bíblia, aquela que não penetra pelas palavras na intenção, na realidade, na experiência e nas ações será de pouco proveito quando confrontada com as enormes forças demoníacas dos povos não alcançados.

A lição para você: leia sua Bíblia todos os dias da sua vida. Se você tiver tempo para o café da manhã, nunca diga que não tem tempo para a palavra de Deus. Não reduza o prazer da leitura da Bíblia no fato de que sua consciência está limpa quando o “li a Bíblia” está marcado, mas tenha prazer com o encontro vivo e sobrenatural com a realidade revelada por Deus nas Escrituras.

5. Eu me tornaria um hedonista cristão.

Isto é, eu procuraria encontrar mais alegria em Deus do que em qualquer outra coisa no mundo, em prol da santidade pessoal, da perseverança através da dor e da promoção da glória de Deus.

Eu teria clareza e certeza na frase: Deus é mais glorificado em mim quando estou mais satisfeito nEle.

O que significa que, por meio de saborear a doçura das promessas de Deus, eu colocaria à morte cada tremor crescente de orgulho, autoconfiança, luxúria, ganância e medo, pelo poder do Espírito Santo. Porque, a menos que esses pecados morram, eu serei perseguido por infrutividade nesta vida, e amaldiçoado na próxima.

Eu reconheci aos 22 anos que a luta pela alegria em Deus, através de todas as circunstâncias luminosas e sombrias da vida, é a chave essencial em minha missão para uma vida de autêntica santidade e perseverança frutífera, onde Deus recebe a glória.

A lição para você: Torne-se um hedonista cristão, quer você se chame disso ou não. Não tenha a fama como objetivo. Não tenha como objetivo a gratificação sexual. Não vise a riqueza. E não vise a segurança. Tenha como objetivo a alegria plenamente satisfatória em Deus, que lhe dará poder para a humildade, castidade e simplicidade, e amor sacrificial e que se arrisca.

6. Eu reconheceria que não sou meu, que fui comprado por um preço e que pertenço, corpo e alma, a Jesus Cristo para seu uso e sua glória neste mundo.

E eu me ofereceria a Deus e lhe diria que ele pode fazer o que quiser, a qualquer hora que desejar, em qualquer lugar que lhe agrade.

E eu memorizaria o Salmo 25 e confiaria nas incríveis promessas de orientação dadas nesses preciosos versículos.

Bom e reto é o Senhor; por isso ensinará o caminho aos pecadores. Guiará os mansos em justiça e aos mansos ensinará o seu caminho. (Salmo 25: 8–9)

A lição para você: Memorize o Salmo 25. Ore como se fosse seu. Entregue-se totalmente a Deus e à sua missão. E confie nele.

– Texto original do blog Diring God traduzido por Samuel Figueiredo do blog Inconformados