Viver é uma celebração. A cada novo amanhecer, recebemos um presente, uma página totalmente em branco, o que nos dá oportunidade de escrever e reescrever nossa história. Dar um novo sentido e significado às páginas desbotadas pelo tempo. Contudo, não há receita para ser feliz, de como ser feliz, pois as lições de felicidade são inconsistentes e duvidosas, quase patéticas. Assim sendo, se houvesse, não teria tristeza no mundo. A vida, por sua dimensão e grandeza, escarnece e debocha de nossas fórmulas, de nossas tentativas frustradas de eliminar a tristeza e a infelicidade.

Este não é um modo pessimista de encarar a vida, é apenas a realidade, da forma que ela se apresenta, tal qual é, sem floreios, sem evasivas. E neste sentido, seguir normas ou regras pode dar uma sensação de segurança, mas nenhuma garantia de que a vida será um mar de rosas. Ela é inconstante demais. Estamos constantemente sujeitos a mudanças e variações, pela sua intermitência e transitoriedade.

Ainda que não haja uma receita infalível, de como conduzir a vida, alguns sentimentos nobres como a bondade, a humildade, a alegria, a leveza, a gratidão, a esperança e o perdão, atravessam o tempo e deixam marcas indeléveis por onde passam, o que nos permite intuir, que devem ser preservados e colocados em pratica, uma vez que os maiores beneficiados são aqueles que experimentam e praticam tais sentimentos e ações.

Bondade para exercitar a compaixão e a compreensão pelo próximo, para tratar as pessoas como gostaria de ser tratado. Humildade para aceitar as limitações e fracassos, a inadequação diante dos desafios e mistérios da vida. Alegria para superar a dor, para resgatar a capacidade de rir com facilidade, para inundar e iluminar a alma com sentimentos de plenitude e satisfação nos dias frios, melancólicos e tristes.

Leveza para não enrijecer, para conduzir o coração com suave bravura e coragem diante das ameaças e dificuldades, para mantê-lo aquecido e não transformá-lo em pedra perante as contrariedades, dissabores e frustrações. Gratidão para viver o momento presente, pela dádiva da vida, pelo simples respirar, pelos pequenos, mas significativos acontecimentos do dia, da vida, por cada partícula de felicidade.

Esperança para nunca perder a fé, nunca deixar de acreditar nas pessoas, na capacidade de mudança que cada um carrega em si. Para aceitar e confiar que o binômio amor e tempo são soberanos, e que são o antídoto para quase todos os males. Perdão para apaziguar o coração partido, cansado e ferido. Perdão para si mesmo, pelos seus erros, imperfeições e injustiças. Perdão para relevar àqueles que lhe magoaram e o abandonaram quando mais precisou. Perdão para curar mente, alma e coração, para manter a serenidade necessária para seguir em frente. Para abrir espaço à felicidade.

Autor: Eva Wolff