Eu me lembro que três anos atrás, eu tinha comido açaí apenas algumas vezes, mas eu não conhecia tão bem quanto conheço hoje e ainda não tinha uma opinião formada sobre qual era a minha forma preferida, ou o meu lugar preferido para comer.
Um dia, uma colega me chamou para um lugar aqui da cidade onde moro que se chama Açaí na Tigela. Lembro-me te der gostado muito do lugar e da qualidade, mas não voltei lá durante um bom tempo; mais especificamente, dois anos. Eu não me lembrava mais do quanto gostava de lá, até que um dia fechei contrato com uma empresa, e próximo a ela tinha uma franquia desse Açaí na Tigela.
Eu nem me lembrava mais qual era o sabor do açaí daquele lugar, mas eu me lembrava que por algum motivo eu gostava, então após um dia de trabalho decidi ir até lá para me lembrar dos motivos pelo qual eu tinha gostado tanto de lá a dois anos atrás, e, meu Deus! Era o melhor açaí do mundo para mim.
Nesse período de dois anos, eu frequentei muitas outras açaíterias e até gostei bastante de algumas, mas nenhuma era como aquela. Lá era o meu lugar preferido.
O meu contrato na empresa, em que eu estava trabalhando, acabou, e eu moro à 13 km de distância da minha açaíteria preferida, mas isso não me impede de atravessar a cidade para ir até lá, mesmo que tenham muitas outras bem mais próximas e algumas até mais baratas. Aquele lugar me conquistou.
Alguns dos meus amigos não gostam de lá como eu, mas isso não muda minha opinião sobre a qualidade do lugar. Temos gostos e critérios diferentes e está tudo bem.
O que eu quero dizer, é que só cheguei a conclusão de que aquela era minha açaíteria preferida, porque um dia conheci outras, e assim acontece também com as pessoas ao nosso redor.
Muitas vezes queremos privar pessoas de experimentarem outros lugares por medo de que não voltem para nós, e o que deveria ser uma leve e prazerosa escolha, se torna uma cansativa e desgastante prisão.
Infelizmente, nessa vida teremos que ver pessoas que amamos fazendo escolhas que nós sabemos, e muito bem, que não são as melhores e isso doerá muito em nós. Talvez essas escolhas até removam a pessoa da nossa vida temporariamente, mas não podemos obriga-las a trilhar um caminho só porque nós achamos melhor assim.
Dê a quem você escolheu para amar, espaço para que essa pessoa escolha te amar também, porque o amor, com toda sua grandeza, se resume nisso: escolha.
Deus não retira de nós o livre arbítrio usando o argumento de que Ele nos ama demais para nos permitir fazer escolhas erradas. Ele nos deixa livre para O escolhermos se quisermos. Ele não impõe nada, Ele apenas nos ama e nos da, todos os dias, motivos para permanecermos ao lado dEle.
Que assim também seja conosco. Que tenhamos força para libertar quem amamos, e assim, só ter ao nosso redor quem escolheu permanecer ao nosso lado por amor e por sentir-se amado.
“A liberdade é limitada pelo amor.”
Obs: Quando somos a escolha de alguém que sabe o que quer, seja no amor ou na amizade, a pessoa atravessa a cidade por nós, mesmo sabendo dos contras e tendo opções mais fáceis, assim como eu atravesso pelo meu açaízinho mais lindo, porque eu sei que lá, para mim, é onde mais vale a pena.