Quando eu era criança ganhei um jogo que tinha um pequeno tabuleiro verde e um número
determinado de peças brancas que podiam se encaixar naquele tabuleiro. O jogo era uma
espécie de quebra-cabeça super complexo em que você escolhia uma entre várias séries de
peças já determinadas e tinha que conseguir fechar o quebra-cabeça com apenas aquelas peças da série escolhida. O jogo chamado “Cilada” era uma verdadeira cilada: era simplesmente impossível de montar! Você perdia um bom tempo pensando em como organizaria todas as peças para que tivesse o jogo completo. Tentava uma peça num lugar, não dava, depois noutro e em outro, e assim ia quase infinitamente, até encontrar o lugar exato para o encaixe perfeito.

Depois de um tempo com várias tentativas é que o jogador conseguia pegar o jeito e montar uma série. Algumas séries eram mais difíceis que as outras, mas depois de um tempo e mais experiente no jogo, eu conseguia montar quase todas as séries e me sentia uma criança muito esperta. Da mesma forma é o amor. Um complexo e demorado jogo de quebra-cabeças. Às vezes acontece de uma peça não encaixar direito e não completar o jogo. E por outros infinitos motivos. Pode ocorrer que o tempo certo para um relacionamento não é naquele exato momento. Pode ser também que não seja a pessoa certa, que os dois não tenham afinidade o bastante e nem propósitos de vida em comum. Pode ser também que um dos dois não esteja preparado para se relacionar no presente, não tenha maturidade e estrutura emocional para assumir um namoro.

Ou, pode acontecer que o amor não seja suficiente, que as diferenças e a inflexibilidade
sufoquem o afeto. Pode acontecer que você tenha que resolver algumas coisas importantes
dentro de si primeiro, apesar de ter conhecido uma pessoa maravilhosa. Pode acontecer de não ser recíproco por uma das partes: algumas vezes você se apaixona por alguém que não nutre o mesmo tipo de atração ou alguém se apaixone por ti, mas você só enxergue a pessoa com um bom amigo. Outras vezes acontece de você confundir admiração com amor, e depois de um tempo acaba percebendo que não tem um sentimento firme e forte da paixão. Há os casos de confundir o amor por carência, aquela necessidade de se sentir amado que talvez lhe faltou dos pais ou amigos.

São infinitas as possibilidades para as peças não se encaixarem, para o jogo dar errado. Mas a verdade é o jogo foi planejado para ser completado com sucesso. Apesar dele parecer
impossível de dar certo quando pensamos racionalmente. Quando tento calcular a probabilidade de duas pessoas se encontrarem no mundo em algum momento de suas vidas, estando prontos e maduros para entrar num relacionamento, com gostos, princípios e propósitos que batem; onde ambos se apaixonem e que ultrapassem a fase da paixão para construir um amor forte e genuíno, concluo que é bem pequena. A verdade é que aquela conexão incrível entre duas mentes e corações é bastante raro de acontecer. Mas, repito: o jogo foi planejado para ser completado com sucesso.

Talvez você tenha que passar por várias tentativas até encontrar a maneira correta de colocar todas as peças para que então o quebra-cabeça seja montado. Enquanto você está tentando jogar, dando seu melhor e se esforçando, pode parecer que seja improvável e que nunca conseguirá completar o jogo, que você nunca encontrará o amor da sua vida. Mas não desista, uma hora ou outra você vai conseguir, o amor vai te encontrar. Deus tem um propósito para tudo, Ele tem o tempo certo e sua vontade para nós é boa, perfeita e agradável.

O jogo em algum momento será assim mesmo: incompleto, cheio de erros, tropeços e
dificuldades. Afinal, a Bíblia diz que a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai
brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Começa brilhando aos poucos, devagar, pode
demorar, mas está se formando. Até que chega o momento de ser dia perfeito, a luz plena de um lindo e escaldante sol de meio dia. Então, tranquilize seu coração, o amor é um jogo de quebra- cabeça e você terá que ter paciência para montá-lo.

 







Jornalista anunciando boas novas, cristã com senso crítico até dizer chega, devoradora de livros, fã de Jane Austen e defensora dos direitos das mulheres.