Hoje eu quis olhar pra trás. Como a mulher de Ló, me vi tentada a voltar ao passado. Enquanto seguia em frente, lembranças vieram do que ficou pra trás.

Eu sabia que ficar naquele lugar me levaria à destruição. Mas eu deixei tantas coisas lá… Coisas às quais eu era apegada, coisas que eu amava. Tudo bem, eu sei que nem tudo eram flores, mas entenda, eu também vivi momentos bons ali.

Hoje eu quis olhar pra trás. Disfarçado de recomeço, o passado bateu à minha porta e eu me senti tentada a abrir. Confesso que até espiei pela fresta da janela. “Dessa vez será diferente”, a gente acredita; e maquiamos o passado com a maquiagem mais cara pra ninguém reconhecer. Acreditamos que convenceremos até Deus com essa nossa história.

Eu senti um aperto no peito. Aquela paz, que outrora sentia, desapareceu. “É apenas nervosismo”, pensei. Mas que tipo de nervosismo é esse que se intensifica à medida que fazemos a tal “coisa certa” e continua roubando a nossa paz?

Hoje eu quis olhar pra trás. A essa hora, estaria estagnada feito estátua de sal e não poderia cumprir todos os planos de Deus pra mim. O primeiro vendaval, ou a primeira tempestade de areia que se levantasse, me destruiria.
Eu vi que estava perdida em meus pensamentos e emoções. “Qual o problema? É só uma olhadinha pra conferir se, de tudo que eu tentei construir, algo ainda ficou em pé”. Não tinha me desapegado totalmente do que ficou e isso me impedia de prosseguir.

Hoje eu quis olhar pra trás. Mas antes que eu sequer tentasse me mover, a sua luz brilhou – clareou onde só havia escuridão. Mostrou-me a verdade, me envolveu. Com o coração na mão e a fé na direção, respirei bem fundo… voltei meus olhos para o alvo e prossegui!

Eu sei que, enquanto caminho, todo o meu passado está sendo queimado. Sinto o cheiro da fumaça, sinto o calor em minhas costas. Mas reencontrei minha paz e ela refrigera minha alma, me dá tranquilidade mesmo em meio ao caos.
Hoje eu quis olhar pra trás. Mas não o fiz. Nervosismo nada, era o Espírito Santo me convencendo que aquela não era a melhor escolha. Abrir a porta para o passado? Nem pensar!

Recomeços são presentes trazidos pelo próprio Deus, ocorrem natural, ou melhor, sobrenaturalmente. E a maquiagem eu devo usar só em mim, pra realçar a beleza e tal, mas nunca em uma situação para maquiar a verdade.

Eu aprendi que nem tudo o que é bom é certo, que só devemos trazer à memória o que nos dá esperança e que se o próprio Deus pediu que deixássemos algo para trás é porque ele mesmo já nos preparou algo muito melhor à frente. Aprendi que quando Deus pede que coloquemos logo um ponto final na história é porque ele está ansioso para começarmos juntos a viver o próximo capítulo.

Texto de: Amanda Carla Feliciano – Vencedora do concurso “LogoEu, Escritor!”
Blog: Autor da nossa história