A partir dos 20 anos, comecei a perceber e refletir que, talvez, daqui há uns 20 anos não terei meus pais comigo. É um pensamento que surgiu enquanto eu entrava na vida adulta. Pode ser crise dos 20, não sei.

Quando somos crianças nossos pais são nossos heróis e heroínas, quando vem a adolescência enxergamos que não é bem assim; que eles têm seus defeitos e que podem nos magoar e não nos compreender. Aí vem a rebeldia como maneira de chamar a atenção para alguma necessidade junto com “Eu odeio meus pais!”, “Quero sair de casa”, “Estou louco para crescer!”.

Depois de um tempinho vem a juventude com um pé no mundo adulto: vestibular, faculdade, primeiro emprego, contas a pagar, medo do que vem pela frente. Uma nota: a vida adulta é assustadora. E você se depara com o cordão umbilical que liga você a seus pais sendo cortado. A partir daqui é com você, são suas responsabilidades. É você correndo atrás do seu futuro e do seu sustento.

Você se pega amando mais e sendo mais grato a seus pais. Percebe que se chegou até aqui foi graças aos cuidados deles. Sim, aqueles mesmo que achávamos chatos na adolescência. À medida que tu vai crescendo, o teu tempo disponível vai diminuindo e a vontade de ficar perto dos nossos pais aumentado. A conta não fecha e o pior: você percebe que não há muito tempo, eles estão envelhecendo, se aposentando, dormindo em frente à TV e coisa e tal.

Eu cresci ouvindo a típica frase que meu pai até hoje costuma me dizer (enquanto viajávamos só eu e ele de carro e aí surge aquelas conversas sérias e importantes):

Cássia, nós somos teus melhores amigos, os únicos que vão estar contigo em todo momento e em toda a vida”.

E que verdade medonha é esta. Amizades se desfazem, amigos se vão, coisas da vida, mas eles estarão sempre lá para nós, mãe e pai, como um monte forte, um abrigo certo e seguro que podemos nos refugiar, até quando partirem desta terra.

E o que será de nós sem eles um dia? Quem dirá o que fazer, qual melhor caminho a se seguir, qual rumo a se tomar? Quem nos aconselhará? Acho que quando chegarmos a esse ponto da vida, já estaremos prontos para seguirmos sozinhos, preparados pelos ensinamentos de nossos pais. E aí será a nossa vez de ser os melhores amigos de alguém.

 

Esse texto é dedicado a Maria Clara. Mulher forte. Mulher de luz – 26.05.2020 ❤







Jornalista anunciando boas novas, cristã com senso crítico até dizer chega, devoradora de livros, fã de Jane Austen e defensora dos direitos das mulheres.