Às vezes, a vida nos leva, de forma inesperada, por caminhos longínquos e desconhecidos, e somos arremessados, solapados com intensidade e vigor para dentro de nós mesmos, como o crepúsculo do sol recolhendo os seus raios, voltando-se para si.

Por muito tempo, esse sol expandiu seus raios iluminando e aquecendo todos à sua volta, mas é chegado o momento em que ele precisa olhar para si, para dentro de sua imensidão, entrar em contato com seus abismos e encarar sua escuridão. Pela própria condição da natureza, ao entardecer o sol se põe, e eis que vem a noite.

Quando o sol se pôr em sua vida, mesmo que não compreenda os acontecimentos e nada faça sentido, ainda que se sinta paralisado e inerte, e permaneça em repouso, diante da força do vento e da doce melodia, ande mais devagar, preste atenção aos detalhes.

Quando o sol se pôr em sua vida e tudo se fizer deserto, por um tempo, resigne-se, não se oponha, não questione. Procure colocar-se à margem da situação, para enxergar com mais clareza. Encare firmemente o frio da noite e o calor do dia no deserto. Acredite em si mesmo, em sua bravura e coragem. Se chegou até aqui, há um propósito maior para você.

Quando o sol se pôr em sua vida e tiver a estranha sensação de que percebe os acontecimentos à sua volta, mas sente-se indiferente, como se estivesse insensível a tudo e a todos, e tudo parece monótono e repetitivo, nada faz sentido, reconsidere suas motivações e escolhas. Tenha tolerância e paciência consigo mesmo.

Aceite-se mais, ame-se mais, entregue-se mais às suas necessidades. Amanhã será outro dia, o sol voltará a brilhar novamente e suas forças serão renovadas. Você está a apenas um dia de distância do amanhã, do nascer do sol. Confie na sabedoria do tempo, percorra suas experiências passadas e lembre-se de que em muitos momentos achou que suas forças desvaneceram, e ainda depois disso, você foi capaz de ir muito mais longe do que supunha, pois “os que esperam no Senhor renovam as suas forças. Voam bem alto como águias; correm e não ficam exaustos, andam e não se cansam.” Isaías 40:31.

É natural vez ou outra nos perdermos pelo caminho, pelas trilhas e veredas com passagens estreitas e tortuosas. São tantas batalhas travadas durante a nossa existência, e muitas vezes somos tentados a fraquejar. Entrar e sair de nossas pelejas sem pausas, é cruel e torturante, e os resultados da fadiga e do cansaço se apresentam de forma imperativa, nos obrigando a desacelerar, a diminuir o passo, para refazermos a trajetória, e analisarmos as perdas e ganhos. Às vezes precisamos abandonar alguns planos e mudarmos a rota, pois durante o percurso mudamos, e os antigos caminhos não cabem mais em nós.

Somos forçados a esquadrinhar nossa alma, para resgatá-la de nós mesmos, porque na grande batalha da vida somos nossos piores inimigos, uma vez que os outros nos amarão pelo que amamos em nós, nos aceitarão pelo que aceitamos em nós, nos darão crédito pelo que acreditamos em nós. Amar a si mesmo é uma ordenança bíblica, expressa na proposição de que se deve amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Portanto, se não nos amarmos verdadeiramente, qual a referência para amarmos o nosso próximo, os outros?

Autora: Eva Wolff